Conheça a ONG de Timóteo, Minas Gerais, que se profissionalizou e tornou-se referência em Projetos Esportivos Sociais via incentivos fiscais de empresas.
O Ajudôu.Org começou após um gravíssimo acidente automobilístico na BR 381 em 1991. Dos quatro passageiros do carro, Júlio César Lana Jaques foi o único sobrevivente. No desastre, seu irmão Eduardo (Edu) e mais dois colegas morreram.
A partir daqui tudo mudou.
Júlio, então estudante de educação física da Universidade Federal de Viçosa (UFV) e faixa preta de judô, travou uma das principais lutas da sua vida. Venceu a morte por ippon (golpe perfeito do judô). Mesmo assim, a recuperação não foi tão rápida, ficou 3 anos sem conseguir andar sozinho. Após este período de muito aprendizado e reflexão, Júlio começou a dar aulas de judô, em Timóteo, como voluntário na Fundação Mineira da Criança ( Fumic) e Associação de Pais e Mestres (Apae) para cerca de 100 crianças. Em 1995, o voluntariado virou seu propósito. Com a ajuda da família e do amigo Gleiser Pontes, criaram o Projeto Ajudôu sem nenhum apoio e incentivo.
“Quando eu comecei a dar aula voluntária, eu vi que o esporte realmente tinha um caráter incrivelmente transformador. Além de ajudar na minha recuperação física e emocional, eu percebia que aqueles jovens da Fumic começaram a ficar mais disciplinados e educados. Eu convivia, almoçava e passeava com eles. Cheguei a dormir na Fundação para ficar mais próximos dos alunos”, lembra Júlio.
O crescimento do Ajudôu
Hoje, seria impossível o Júlio dormir na casa de seus alunos para conquistar a confiança deles. Afinal de contas, desde a sua fundação, o Ajudôu já atendeu cerca de 24 mil crianças com aulas de judô, futsal, vôlei, basquete e handebol em 23 cidades de Minas Gerais. Atualmente, o Ajudôu.Org é uma Associação de Direito Privado sem fins lucrativos que promove a inclusão social de jovens por meio do esporte, principalmente a arte marcial japonesa. “Acreditamos de verdade que o judô e as demais práticas esportivas são poderosas ferramentas na formação do caráter e têm grande poder de transformação na vida de crianças e adolescentes. Por isso, desenvolvemos nosso trabalho para atender alunos da rede público de ensino em comunidades em vulnerabilidade social”, diz Júlio.
Terceiro Setor Profissional
O trabalho que nasceu voluntário e amador, tornou-se profissional e um case de sucesso da nossa cidade. A entidade é especializada em elaboração, captação de recursos e gestão de projetos sociais, via leis de incentivo ao esporte federal e estadual. Uma forma legal, cidadã e segura de garantir a execução dos projetos. Só em 2019, a ONG já movimentou cerca de 3 milhões de reais em recursos incentivados e gerou 40 postos de empregos diretos beneficiando 4.200 crianças e adolescentes, gratuitamente.
Do escritório ao sorriso de uma criança
O dia a dia do Ajudôu.org não se limita às aulas de esporte. Elas são a ponta do iceberg. O trabalho começa com a própria instituição. Toda a documentação do Ajudôu tem que estar rigorosamente em dia junto ao poder público (Ministério da Cidadania e Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social – Sedese). Caso contrário não estaria qualificada para receber as verbas incentivadas.
Outra parte do trabalho é a redação de projetos sociais para serem submetidas a avaliação técnica do governo Estadual e/ou Federal. Em caso de aprovação, eles podem ser apresentados as empresas, que utilizam as leis Federal e Estadual de Incentivo ao Esporte.
Atualmente, são atendidas corporações nacionais e multinacionais de grande e médio porte como Cenibra, ArcelorMittal, Brookfield Brasil (multinacional canadense), Nova Transportadora do Sudeste S/A – NTS e Nova Era Silicon. Em Timóteo, via leis de incentivo, já foram atendidas ArcelorMittal, Emalto, e Pedreira 1 e Valemix.
As empresas utilizam a expertise do Ajudôu.org para fortalecerem seus compromissos com a sociedade, para além da geração de empregos, impostos e lucros. A responsabilidade social gera impacto positivo no território e na vida do público externo e interno da empresa. “Ao adotarem procedimentos para reduzir o impacto na comunidade, fazendo isso não por obrigação, as companhias tornam a vida das pessoas melhor. Isso é marketing social. Ganham visibilidade fazendo o bem. O apoio as Leis de Incentivo é uma forma de apoiar o esporte e ter visibilidade de marcas e produtos a custo zero, uma vez que o imposto seria pago com ou sem apoio ao esporte”, conta Bruno Granato, Coordenador de Comunicação do Ajudôu.Org.
Após a captação, o trabalho envolve gestão de recursos nas contratações, compras de materiais e prestações de contas, divulgação dos projetos e relação direta com governos municipais, estadual e federal. Neste ano, o projeto voltou para Timóteo com o apoio da Prefeitura Municipal, mas a ONG também atuou em Montes Claros, Contagem, Antônio Dias, Belo Oriente, Naque e Periquito. E continua atuando em Dionísio, São José do Goiabal, Barão de Cocais, Virginópolis, Raul Soares, Nova Era, Santa Bárbara, Bugre, Córrego Novo, Peçanha, Pingo D’Água, Bela Vista de Minas e Ipaba. “Trabalhar em várias cidades é um grande desafio, mas conseguimos nos especializar neste formato. Tanto que estamos iniciando um projeto em Brumadinho para 400 crianças. Iremos fazer um grande trabalho por lá”, destaca Júlio.
Ao ser perguntado sobre a dimensão que o projeto social tomou, Júlio nem hesita, “o Ajudôu cresceu 250%, de 2018 para cá, por causa de uma gestão profissional. Fizemos um Planejamento Estratégico com o apoio do consultor Francisco Azevedo, que acompanha a Associação desde sua fundação, montamos um time multidisciplinar e trabalhamos focados em fazer o melhor para nossos alunos. Sempre com muita transparência com a comunidade, patrocinadores e governos”.